A intolerância religiosa se tornou uma das principais causas de perseguição das minorias no mundo, segundo o relatório anual da organização não-governamental Minority Right Groups International (MRG), divulgado esta quinta-feira, em Londres.
Segundo a ONG, o aumento do nacionalismo religioso, a marginalização econômica e os abusos derivados das leis antiterroristas estabeleceram uma pauta crescente de perseguição das minorias religiosas, que devem fazer frente regularmente a ataques, detenções, torturas e restrições de suas liberdades fundamentais em todos os continentes.
“A intolerência religiosa é o novo racismo”, declarou Mark Lattimer, diretor da MGR.
“Muitas comunidades que enfrentaram discriminações raciais durante décadas são agora perseguidas por causa de sua religião”, acrescentou.
O relatório sobre o “Estado das Minorias e Povos Indígenas no Mundo 2010″ destaca que os muçulmanos nos Estados Unidos e na Europa são das minorias que mais sofreram com o aumento dos controles estatais e as campanhas celebradas por grupos de direita ou de extrema direita.
Após o atentado fracassado do dia do Natal por um nigeriano em voo procedente de Amsterdã que se dirigia a Detroit (Estados Unidos), as autoridades americanas decidiram controles especiais nos aeroportos para cidadãos de 14 países, 13 deles predominantemente muçulmanos.
No Iraque e no Paquistão, dois países que estavam na mira da chamada “guerra contra o terrorismo”, lançada pelos Estados Unidos e seus aliados, após os atentados de 11 de setembro de 2001, os ataques contra as minorias religiosas, como os cristãos, também se multiplicaram.
Outro problema para as minorias são as leis que, em número cada vez maior de países, obrigam os cidadãos a registrar sua religião.
No Egito, por exemplo, o governo exige que todos os documentos de identidade tragam a afiliação religiosa do portador, mas só oferecem como alternativa as três religiões reconhecidas oficialmente: muçulmana, cristã e judaica.
O informe destaca que desde 2001 vários países, entre eles Bielorrússia, Sérvia e Uzbequistão, para citar apenas alguns, introduziram ou emendaram leis de registro religioso, o que para Lattimer representa uma forma de os Estados “vigiarem e controlarem as comunidades religiosas”.
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